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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

POESIA GOIANA

Coordenação de SALOMÃO SOUSA

 

 

 

 

 

ÁLVARO J. JORGE

Álvaro José Jorge, natural da terra dos buritizais sussurrantes, "Bela Vista de Goiás", filho de José Jorge e Norma Lucindo Jorge.
Poeta, compositor, escritor, pensador, contabilista e advogado criminalista, militando atualmente [em 1978] nos Tribunais da Capital da República.

"O foco principal que assinala a poesia de Álvaro J. Jorge transformando as coisas em espiritualização, é notável pelo fato de ser u´a pessoa de grandes aptidões espirituais."
Fonte da biografia: do livro abaixo.

[Livro anterior:  Poemas. 1977]

 

 

JORGE, Álvaro J.  Três dúzias de poemas.  Apresentação de Ives G. Souza.  Capa: Angela Maria de Almeida Cordeiro.  Brasília: Imprimatur

 

GRUPIARA

A humanidade é confrontada à uá grupiara.
Onde alguns seres são diamantes,
Onde outros seres são garimpeiros.

O importante é que todos serão lapidados.
Alguns por outros...
Outros para encontrar os alguns.

Entre alguns e outros...
... Todos brutos:
Não se escolhe nenhum.

 

 

MAUSOLÉU

Recordo, no crepúsculo,
A cor de su´alma, serena e calma.
Sua voz penetra em mim,
Em profundos suspiros (meus).
Oh! sinto-me tão leve quanto à pluma.
Vejo o céu — não de estrelas,
Vejo a luz — não do sol.
O jardim sim, o da casa.
Porém, sinto no peito u´a dor de alegria,
Por saudar as flores mortas,
Quebráveis, secas, pó.
Que adianta tudo isso...
Outras flores, virão eu sei!
Onde?
Em que jardim eu procuro,
Se levantaram sobre ele
Um gigantesco mausoléu?

 

RACISMO

Cor.
Cores.
Cor branca, cor negra.
Ele é branca,
Ela é negra.
Branco... branco...
Negro... negro...
Negro... branco...
Racismo não existe.
O que existe é branco de alma negra,
E negro de alma branca.
Branco de alma branca,
E negro de alma negra.

 

 

ENIGMA... MISTÉRIO

A voda se é vida,
Por si só respira.
A morte se é morte,
Por si só expira...

Existe vida que respira morte.
Existe morte que expira vida.

Vida sem vida — é morte visual.
Morte sem morte — sé vida tátil.

Não sei se falo da vida,
Não sei se falo da morte,
Não sei se existo.
Não sei se sou a vida,
Não sei se sou a morte.

Sou um enigma para comigo,
Sou um mistério para com outrem.         

  

 

7ª VISÃO      

No universo,

Não existe manhã,
Nem tarde, nem noite,
Enfim, não existe tempo.
Devido à imensurabilidade cósmica,
Não existe o translúcido,
Nem tampouco o sombrio.
O vasto silêncio existe,
Mas, em sentido contrário terrestre,
No universo,
Não existe morte...
Não existe vida...
A matéria é a mesmo, apenas se transforma.
No universo,
Não existe o inconstante,
Não existe o maciço.
Cada galáxia é um universos,
Porém, nem todo universo é u´a galáxia.
Sei que estou numa galáxia,
Só não sei em que ponto do universo estou.
O universo é complexo e infinito...
Tem as suas leis.
Qual a razão desta existência?
Qual a finalidade do universo?
Por que tais pensamentos?
Por que esta agonia pelo saber?
Que adianta ter u´a resposta e desvendar
todo este mistério,
Se desconheço a causa de minha própria existência!
 

 

 

O ENDOBLÉTICO

O bálsamo que alguém arfa,
Se refra inquietamente,
No vassalo sem escrúpulo,
Dos veraneios empoláticos.
Sore o esgrima verossímil,
Dos altos... dos baixos,
Passa marcante passante.
Aglutina o resquício embuído.
Na plaguineana fenomenálica,
Plática e endonética.

Meia massa encefálica,
Acumulada no cérebro eletrônico,
Onde o andante se fregueia nos bromos,
A figura, a imagem,
O ruído cristalizante da poeira...
Estreira no frago que tanto esfacela,
Na mente de quem sente, ri...
Entre passos marcantes passantes,
Passa o endoblético... ele passa... no entanto,
longe daqui.

 


JORGE, Álvaro J.  poemas IMORTAIS.   Capa: Mônica de Oliveira Barros.  Edição do autor de  4.000 exemplares, exemplar no. 334.  Brasília: Imprimatur – Gráfica e editora limitada,  1979.     95 p.              No. 10 033     
Exemplar da biblioteca de Antonio Miranda, doação do amigo (livreiro) Brito, DF.


ESSI AMANO COSI

Che bela notte,
Comincia a nevicare,
Quando arriva il tramonto.

Che bel giorno,
Che ancora piange,
Per um brano di sua maglie.

La notte lo abbraccia,
Ed egli dorme,
In labbra miracolose,
Del grande amore della sua vita.


ELES  ( NÓS ).

Dois corações…
Pulsando em um só momento,

Dois corações...
Agitando insaciável volúpia carnal...

Em seus lábios,
Você em minha boca,
Dois corações... ardentemente, apaixonados...
Sugando... gemendo... sentindo...


26.

Amigos pássaros, voem...
Não esperem pelo amanhecer,
Cantem no silêncio da alvorada...
Brinquem na beira do regato.

27.

Não voem de volta...
Não voem..
Repousem...
Depois sigam.



JORGE, Álvaro J.   poemas.  Capa: déa níbia ramos.  Apresentação dde Hélio M. Xavier.    Brasília: Editora Gráfica Brasiliana Ltda, 1977.    85 p.  No. 10 089
Exemplar da coleção de Antonio Miranda, doação do amigo (livreiro)
Brito, em outubro de 2024.


DIA DE JUÍZO

“Dies irae” ... o dia do juízo final,
Um dia sem manhã, sem tarde,
Um dia sem tempo,
Um dia eterno.
Um dia de risos e de lágrimas,
Um dia de juízo.
O tempo se aproxima,
Esta, a cada instante,
Bem próximo este momento real.
Uns, crêem e estão ansiosos,
Porque têm a convicção, a certeza
De que ficarão eternamente ao lado dele.
Outros, no entanto,
Temem o medo, a justiça, que os levarão à trevas,
Ao saberem que serão julgados por Ele.
Nossas confissões de gota em gota,
Não secarão,
Assim como as estalactites,
Que penetram serenamente no solo,
Nossas verdades, cada uma de per si,
Penetrarão na mente, no ego misterioso,
Embora Ele saiba de tudo...
E o nosso pranto em abundância,
Pela fé, pelo amor e pela nossa humildade,
Será enxugado, sensivelmente,
Pelo manto do Senhor,
E os vestígios de nossas verdades,
Serão o único caminho,
Para que possamos penetrar no reino da eterna
[felicidade.

 


       PESADELOS... SONHOS

      
Pesadelos conscientes,
        Sonhos inconscientes,
        Pesadelos inconscientes,
        Sonhos conscientes,
        Sonhos... que já não sei se são sonhos,
        Pesadelos... que já não se se são pesadelos,
        Pesadelos... que já não sei se são sonhos,
        Sonhos... que já não sei se são pesadelos.
        Finjo a realidade nos sonhos,
        Vivo a fantasia nos pesadelos,
        Num mundo real ou fictício.
        Se, acaso, for real
        Será pelo medo ou coragem
        Que nada falo.
        Se, acaso, for fictício
        Será pela certeza ou incerteza
        Da minha não-aproximação.
        E, se foram ambos,
        Eu, que nada falo,
        Eu, que não me aproximo,
        Simplesmente não existo.
        E eu, não tendo existência,
        Muito menos o oposto para mim,
        Poderia existir.


       
LIBERDADE

      
Ser livre
       
Não é assistir a um espetáculo
        E suportar demasiadas privações.
        Ser livre
        é poder sorrir
        Mesmo quando os humoristas
        Nada de engraçado fazem.
        Ser livre
        É viver uma vida
        Com dignidade e caráter
        E não vegetar sob mesquinhas ordens.
        Ser livre
        Não é viver num palacete
        E sofrer como um pássaro
        Que estivesse numa gaiola
        Cantando noite e dia
        Pedindo, clamando, com o seu triste gorjeio
        A sonhada liberdade.
        Ser livre
        É viver numa choupana
        E ser dono de si mesmo
        Assim, como os pássaros
        Perdidos numa imensa floresta...
        Enfim, ser livre
        É ser como eu sou.

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Página ampliada em outubro de 2024.



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Página ampliada em outubro de 2024

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http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/goias/goias.html

 

Página publicada em julho de 2021

 

 

 
 
 
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